Hoje foi mais um dia de caminhadas...
Como ontem não consegui fazer o registo no FRO da Polícia em Panjim, hoje tive de voltar...E aproveitei a boleia de Claude que ia para uma terra vizinha...
Uma vez que precisava de fotografias para o registo, ao chegar a Panjim, dirigi-me a um fotografo perto do FRO que tinha visto no dia anterior...peço então para tirar fotografias, dão-me um papel, pago e mandam-me seguir para a sala do lado...sento-me num banquinho de pedra e um fundo azul por trás... gosto imenso de fotografar, mas quando estou do outro lado da câmara a coisa não corre tão bem, estando com noites mal dormidas em cima, com imenso calor e com nervoso miudinho a fotografia ficou um "mimo" =\
Meto medo a mim mesma...
Mas enfim, para o serviço dava perfeitamente...
Ao entrar no FRO, mais uma vez estava um mundo de gente, e sinceramente os/as polícias não são muito simpáticos, entreguei os papéis, colaram mais uma foto minha no livro de registos (um caderno de capa dura dividido em quadrados a caneta onde colam a fotografia e escrevem os nossos "números", extremamente moderno e actualizado), ficaram com o meu contacto e disseram que me iam ligar...e pronto estava despachada! Agora começava a Parte II do desafio deste dia, ir a pé até aos autocarros sem saber onde era...felizmente existe o Google maps, e na noite anterior consegui ter uma ideia de qual caminho seguir...lá comecei a caminhada de quase 2km. Panjim é uma cidade bastante normal, parecida com Lisboa mas com pessoas mais "escuras". A cada paço que dava, a minha confiança aumentava e andei por Panjim "Like I owned it", era como se já tivesse feito aquele caminho imensas vezes, eu fazia parte daquele mundo, não era apenas uma "estrangeira". A parte mais difícil de andar a pé é atravessar as ruas, trânsito louco que não pára para nos dar permissão para passar, simplesmente é benzer-me pedir ajuda a Deus e jogar-me para o meio da estrada..não vale a pena esperar que me deixem passar, ou que parem de vir carros, a melhor maneira é pôr o pé no meio da estrada e começar a contornar os carros, motas e camiões que vão passando...felizmente muitas vezes juntava-me a um grupo e seguia-lhes as passadas...
Parte III do desafio, descobrir qual o autocarro directo para Mapusa! Uma gare a transbordar de autocarros coloridos (e bastante usados) e de pessoas, e uma vez que não existem quadros informativos sobre a localização dos autocarros, o método utilizado é...Gritar!! Os condutores/cobradores dos autocarros, põem-se a gritar o destino...Claro que com aquela confusão e com o tamanho do espaço, nunca iria ouvir o meu "chamamento", por isso fui interrompendo alguns motoristas e pedi-lhes indicação de onde estaria o meu autocarro. Finalmente oiço ao longe "Mapusa Mapusa Mapusa Mapusa Mapusa" (pronuncia-se Mápsa), repetidamente e numa velocidade quase imperceptível, e aí cometi o meu primeiro erro, perguntar o preço do bilhete... Apesar de os autocarros terem preços fixos, o cobrador (que não é o mesmo que conduz) tirou-me logo o talho e cobrou-me mais pelo bilhete. Ao errar, é que se aprende, por isso para a próxima, além de já saber o preço do bilhete, não volto a perguntar e faço de conta que sei como a coisa funciona.
Enquanto que em Portugal, existem uma data de acções que não podemos fazer dentro dos autocarros e todas bem sinalizadas, neste apenas existiam duas regras escritas a tinta preta na própria "parede" do autocarro, "No smoking / No spiting" (pensei que esta última fosse óbvia, mas pelos vistos aqui não). O autocarro começa a andar, ainda de portas abertas (presas por cordas) e o cobrador continua lá fora a correr ao lado do autocarro a gritar o nosso destino, e as pessoas continuam a entrar sem que o veículo pare.
A meu lado senta-se um pai, ainda novo, com uma bebé ao colo. E de pé mesmo ao lado duas meninas lindas. A bebé foi o caminho todo a meter-se comigo, o que deu azo a algumas trocas de palavras entre mim e o pai da criança. Neste momento senti pena de não ter a máquina comigo, mas nem pensei em levá-la devido ao calor e à quantidade de caminho que tinha de andar a pé. Cada vez que olhava para as meninas, elas presenteavam-me com um sorriso envergonhado e ao mesmo tempo um olhar curioso. Aquelas crianças, e a simpatia do homem sentado a meu lado, fizeram sentir-me bem comigo mesma e estranhamente feliz.
Por fim, chegamos a Mapusa! Mais 1km para chegar a casa, e desta vez era sempre a subir. Por ser "branca", estou constantemente a ser abordada na rua a perguntarem se não quero um táxi (para me chularem mais umas quantas rúpias a mais), mas enquanto que em Panjim não respondia ou então dava uma resposta seca, agora não, respondia de sorriso na cara e continuava o meu caminho. Os sorrisos daquelas crianças tinham enchido o meu coração de alegria.
Já que estava fora de casa, corajosa e principalmente cheia de sede, achei que devia de arriscar e negociar por uma Água de Coco, 30 os grandes e 25 os pequenos, comecei por 10 rúpias, mas ele não dava o braço a torcer, pedi então 20 por um pequeno mesmo sabendo que estava a pagar demais. Depois de muito pedir e quase me por de joelhos, ele lá me vendeu o pequeno coco para matar a sede por 20rúpias, quando o seu preço deveria ser 10. Mas fiquei contente comigo mesma, apesar de mal amanhada, e de ser má regateira, consegui ter um desconto e fazer a minha primeira compra fora dos "preços fixos".
A Índia deve ser dos países com mais religiões, e todas vivem em harmonia, as maiorias são os cristãos, hindus e muçulmanos. Hoje pelos vistos foi dia de reza na mesquita aqui perto de casa, podia-se ouvir pelos altifalantes as vozes a entoarem o Alcorão, e a quantidade de pessoas presentes era enorme.
No apartamento ao lado do meu a família é hindu, e devido às festividades do Diwali (a festa das luzes) que dura 24dias, têm feito desenhos com areia fina e colorida à porta.
Apesar de parecerem cruzes suásticas, estas ao contrário das nazis representam vida, é um dos 108 símbolos de Vishnu - e representa os raios do Sol, sem os quais não haveria vida.É um símbolo bastante usado pelos hindus.
Além disso, podem-se ver em todas as casas hindus, várias lanternas e luzes representativas do Diwali, e são largados foguetes quase todas as noites. Aliás uma destas noites, estava eu a dormir descansadinha quando fui acordada brutalmente por um "morteiro" largado bem aqui perto, já era 1.30 da manhã.
Isto é ainda o pouco que sei sobre as culturas e religiões de cá. Espero que quando fizer mais amigos e tiver mais companhias que aprenda bastante mais deste belo país!
Como ontem não consegui fazer o registo no FRO da Polícia em Panjim, hoje tive de voltar...E aproveitei a boleia de Claude que ia para uma terra vizinha...
Uma vez que precisava de fotografias para o registo, ao chegar a Panjim, dirigi-me a um fotografo perto do FRO que tinha visto no dia anterior...peço então para tirar fotografias, dão-me um papel, pago e mandam-me seguir para a sala do lado...sento-me num banquinho de pedra e um fundo azul por trás... gosto imenso de fotografar, mas quando estou do outro lado da câmara a coisa não corre tão bem, estando com noites mal dormidas em cima, com imenso calor e com nervoso miudinho a fotografia ficou um "mimo" =\
Meto medo a mim mesma...
Mas enfim, para o serviço dava perfeitamente...
Ao entrar no FRO, mais uma vez estava um mundo de gente, e sinceramente os/as polícias não são muito simpáticos, entreguei os papéis, colaram mais uma foto minha no livro de registos (um caderno de capa dura dividido em quadrados a caneta onde colam a fotografia e escrevem os nossos "números", extremamente moderno e actualizado), ficaram com o meu contacto e disseram que me iam ligar...e pronto estava despachada! Agora começava a Parte II do desafio deste dia, ir a pé até aos autocarros sem saber onde era...felizmente existe o Google maps, e na noite anterior consegui ter uma ideia de qual caminho seguir...lá comecei a caminhada de quase 2km. Panjim é uma cidade bastante normal, parecida com Lisboa mas com pessoas mais "escuras". A cada paço que dava, a minha confiança aumentava e andei por Panjim "Like I owned it", era como se já tivesse feito aquele caminho imensas vezes, eu fazia parte daquele mundo, não era apenas uma "estrangeira". A parte mais difícil de andar a pé é atravessar as ruas, trânsito louco que não pára para nos dar permissão para passar, simplesmente é benzer-me pedir ajuda a Deus e jogar-me para o meio da estrada..não vale a pena esperar que me deixem passar, ou que parem de vir carros, a melhor maneira é pôr o pé no meio da estrada e começar a contornar os carros, motas e camiões que vão passando...felizmente muitas vezes juntava-me a um grupo e seguia-lhes as passadas...
Parte III do desafio, descobrir qual o autocarro directo para Mapusa! Uma gare a transbordar de autocarros coloridos (e bastante usados) e de pessoas, e uma vez que não existem quadros informativos sobre a localização dos autocarros, o método utilizado é...Gritar!! Os condutores/cobradores dos autocarros, põem-se a gritar o destino...Claro que com aquela confusão e com o tamanho do espaço, nunca iria ouvir o meu "chamamento", por isso fui interrompendo alguns motoristas e pedi-lhes indicação de onde estaria o meu autocarro. Finalmente oiço ao longe "Mapusa Mapusa Mapusa Mapusa Mapusa" (pronuncia-se Mápsa), repetidamente e numa velocidade quase imperceptível, e aí cometi o meu primeiro erro, perguntar o preço do bilhete... Apesar de os autocarros terem preços fixos, o cobrador (que não é o mesmo que conduz) tirou-me logo o talho e cobrou-me mais pelo bilhete. Ao errar, é que se aprende, por isso para a próxima, além de já saber o preço do bilhete, não volto a perguntar e faço de conta que sei como a coisa funciona.
Enquanto que em Portugal, existem uma data de acções que não podemos fazer dentro dos autocarros e todas bem sinalizadas, neste apenas existiam duas regras escritas a tinta preta na própria "parede" do autocarro, "No smoking / No spiting" (pensei que esta última fosse óbvia, mas pelos vistos aqui não). O autocarro começa a andar, ainda de portas abertas (presas por cordas) e o cobrador continua lá fora a correr ao lado do autocarro a gritar o nosso destino, e as pessoas continuam a entrar sem que o veículo pare.
A meu lado senta-se um pai, ainda novo, com uma bebé ao colo. E de pé mesmo ao lado duas meninas lindas. A bebé foi o caminho todo a meter-se comigo, o que deu azo a algumas trocas de palavras entre mim e o pai da criança. Neste momento senti pena de não ter a máquina comigo, mas nem pensei em levá-la devido ao calor e à quantidade de caminho que tinha de andar a pé. Cada vez que olhava para as meninas, elas presenteavam-me com um sorriso envergonhado e ao mesmo tempo um olhar curioso. Aquelas crianças, e a simpatia do homem sentado a meu lado, fizeram sentir-me bem comigo mesma e estranhamente feliz.
Por fim, chegamos a Mapusa! Mais 1km para chegar a casa, e desta vez era sempre a subir. Por ser "branca", estou constantemente a ser abordada na rua a perguntarem se não quero um táxi (para me chularem mais umas quantas rúpias a mais), mas enquanto que em Panjim não respondia ou então dava uma resposta seca, agora não, respondia de sorriso na cara e continuava o meu caminho. Os sorrisos daquelas crianças tinham enchido o meu coração de alegria.
Já que estava fora de casa, corajosa e principalmente cheia de sede, achei que devia de arriscar e negociar por uma Água de Coco, 30 os grandes e 25 os pequenos, comecei por 10 rúpias, mas ele não dava o braço a torcer, pedi então 20 por um pequeno mesmo sabendo que estava a pagar demais. Depois de muito pedir e quase me por de joelhos, ele lá me vendeu o pequeno coco para matar a sede por 20rúpias, quando o seu preço deveria ser 10. Mas fiquei contente comigo mesma, apesar de mal amanhada, e de ser má regateira, consegui ter um desconto e fazer a minha primeira compra fora dos "preços fixos".
A Índia deve ser dos países com mais religiões, e todas vivem em harmonia, as maiorias são os cristãos, hindus e muçulmanos. Hoje pelos vistos foi dia de reza na mesquita aqui perto de casa, podia-se ouvir pelos altifalantes as vozes a entoarem o Alcorão, e a quantidade de pessoas presentes era enorme.
No apartamento ao lado do meu a família é hindu, e devido às festividades do Diwali (a festa das luzes) que dura 24dias, têm feito desenhos com areia fina e colorida à porta.
Apesar de parecerem cruzes suásticas, estas ao contrário das nazis representam vida, é um dos 108 símbolos de Vishnu - e representa os raios do Sol, sem os quais não haveria vida.É um símbolo bastante usado pelos hindus.
Além disso, podem-se ver em todas as casas hindus, várias lanternas e luzes representativas do Diwali, e são largados foguetes quase todas as noites. Aliás uma destas noites, estava eu a dormir descansadinha quando fui acordada brutalmente por um "morteiro" largado bem aqui perto, já era 1.30 da manhã.
Isto é ainda o pouco que sei sobre as culturas e religiões de cá. Espero que quando fizer mais amigos e tiver mais companhias que aprenda bastante mais deste belo país!
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