domingo, 1 de dezembro de 2013

St. Francis Xavier



Dia 3 de Dezembro é feriado...é o dia de São Francisco Xavier, foi um missionário cristão do padroado português e apóstolo navarro. Pioneiro e co-fundador da Companhia de Jesus, a Igreja Católica Romana considera que tenha convertido mais pessoas ao Cristianismo do que qualquer outro missionário desde São Paulo, merecendo o epíteto de "Apóstolo do Oriente".

Assim, Linessey (a minha nova amiga e colega de escritório) quis levar-me a ver a feira e todas as festividades.

Depois de almoço segui em direcção aos autocarros, pelo caminho sentia-me que nem estrela de cinema/incomodada pois nunca recebi tantos olhares e Olás na minha vida, começa a ser hábito, mas não deixa de ser estranho e incomodativo...a maioria são homens (e estes são iguais em todo o lado) que ao verem pele "branca" não resistem a um Olá, aceno ou buzinadela, o resto são crianças que me olham como se fosse um E.T., com bastante curiosidade, e a essas eu gosto de lhes aguçar o entusiasmo de verem alguém diferente e respondo aos seus olhares envergonhados e curiosos com um sorriso enorme, um grande Olá e um aceno, o que muitas vezes faz com que se escondam atrás das saias das mães mas sempre espreitando e sorrindo para mim. Pela primeira vez tive uma ideia dos transportes na India, assim como se vêm nos filmes, cheio até às portas, e mesmo assim ainda dizia às pessoas para entrarem! Depois de encontrar o meu lugar de pé entre vários apertões e roças-roças, as portas lá fecharam e seguimos viagem, cerca de 20 min até chegar-mos a Panjim. A viagem em si até não foi muito má, uma vez que estrada que liga Mapusa a Panjim até é bastante boa e o autocarro não fez nenhuma paragem... A única parte problemática foi ter de pagar o bilhete, em que o "revisor" vai passando por todos para receber o dinheiro...Ora se íamos todos bem apertadinhos que nem "sardinhas em lata", ter uma pessoa a passar pelo meio, foi uma carga de trabalhos, mas ele lá vai cortando caminho.

Chegada a Panjim espero pela minha companheira de resto de viagem, a qual tive de esperar quase uma hora, hora essa em que fui abordada várias vezes para perguntarem se queria um táxi.

Agora já com companhia, entro num novo autocarro com rumo a Old Goa, sitio onde se situa a festa. Ainda mal tínhamos o pé fora do autocarro já estávamos a ser abalroadas por vendedores de flores, velas, e toda uma parafernália de coisas relacionadas com a festa. Mas a minha prioridade era comprar água e fresca de preferência, pois o calor e as viagens de autocarro tinham-me deixado bastante desidratada...O que não foi nada difícil de encontrar, pois existem barraquinhas de refrescos, doces, comidas etc por todo o lado...

Doces tradicionais
E assim começamos o nosso passeio...é uma zona linda, que contrasta com o resto dos sítios que tenho visto, igrejas, capelas e casas bem ao estilo português com jardins bem cuidados...















Parece então que as festividades começam no dia 21 de Novembro e vão até ao dia 3 de Dezembro, as pessoas pegam nas suas trouxinhas e vêm para cá, acampando onde podem, e ao contrário do resto da India que tenho visto, aqui não se vê lixo no chão..está bastante bem limpinho. Toda esta zona está repleta de lugares para ser visitados: capelas, igrejas, museus e claro a Basílica do Bom Jesus onde está o corpo de São Francisco. Apesar de ser uma festa, e santo Cristão, imensos hindus vêm para adorá-lo e prestar-lhe homenagem.

Um dos lugares que eu achei mais bonitos, foi um jardim adornado com várias pedras e lápides, um jardim de pedra que pode ser mórbido para alguns, mas que achei lindo a nível histórico.












Se todas estas peças pudessem falar, imensas histórias teriam para contar. São partes de colunas, estruturas, brasões e lápides. Todas as lápides estavam escritas em português dizendo nomes antigos de pessoas que por aqui passaram tal como eu. Pedras trabalhadas que têm sobrevivido às adversidades do tempo e que continuam a mostrar a sua beleza e o trabalho árduo dos anos 1500.

No meio de tudo isto encontrei um brasão bem português =)





E assim, acabei por ser eu a guia e tradutora de Linessey, pois em todas as inscrições antigas de pedra eu tinha de traduzir para ela o que lá estava escrito, o que por vezes era bem difícil devido ao português antigo, e a perda de nitidez das letras. Entrámos na primeira capela, Sta. Catarina, agora apenas um espaço vazio, mas que para paredes com 500 anos de história contém sempre uma beleza histórica.













Quem conseguir fazer uma leitura completa, por favor diga-me, ficarei muito agradecida.

De seguida visitámos a igreja de São Francisco de Assis, mas infelizmente não era permitido tirar fotografias lá dentro, mas tal como as nossas igrejas, estava repleta de pequenos altares, a maioria delas com imagens referentes a santos portugueses.

Antes da atracção principal, a Basílica do Bom Jesus, ainda visitámos o Museu de Arte Sacra, repleto de ornamentos em madeira oriundos de várias igrejas e casas privadas, e várias imagens de santos/as.

Com pouca vontade de nos meter-mos na fila para entrar na Basílica...


...fomos dar uma voltinha pela feira, na esperança de beber mais qualquer coisa e quem sabe comprar uma roupinha... mas em dia de festa os preços aumentam, e acabamos por não comprar nada!!!




Sem mais nada para ver, e com o sol a querer pôr-se, achámos que seria melhor dirigir-mo-nos para a Basílica, e após hora e meia de espera debaixo de sol intenso e olhares indiscretos, lá conseguimos entrar. Tal como em Portugal, possui tectos bastante altos e altares ornamentados em ouro.




Não tirei foto ao sitio em concreto onde está o corpo, pois a multidão era muita e achei que era falta de respeito! Mas basicamente, demorámos hora e meia para entrar, e levámos 5 min para ver tudo.

A sede voltava a apertar, e no caminho para o autocarro compramos refrescos de lima, uma combinação básica que consiste em sumo de lima, um pouco de açúcar e água gasificada, mas que é bastante refrescante, além disso, já me tinham dito anteriormente para experimentar as Goan Bean Sausages, especialidade da zona. Aqui na festa, é servido apenas o recheio que é cozinhado e posto dentro de um pão...têm o mesmo sabor que as nossas chouriças mas com uma boa dose de picante. Sinceramente a fome já era tanta que nem me lembrei de tirar foto. Já que estava numa de comprar coisas novas, aproveitei e comprei um saquinho de guloseimas típicas...Os nomes ainda estou a aprender =) Mas os brancos, e o quadrado também branco são os melhores.




Ora como era de esperar, numa festa tão grande e com tanta gente, apanhar o autocarro de regresso foi outra aventura, não por ser difícil, mas sim pela quantidade de gente que vai lá dentro...Se no primeiro autocarro eu já achei que ia entalada de todos os lados, neste então nem precisava de me segurar! Atulhado até ao tecto, e sempre de porta aberta para mais pessoas entrarem... Sentia-me numa autêntica discoteca, música disco indiana bem alta, com várias luzes a piscar e bastante roça-roça, além disso a estrada é cheia de curvas e cedências de passagem...digamos que foi uma viagem bastante atribulada em que várias vezes ia enfiando a minha máquina fotográfica e mala na cara da senhora que ia sentada. Ao chegar-mos a Panjim e ao entrarmos no autocarro de regresso a casa, fomos presenteadas com um belo pôr-do-sol.


1 comentário: