quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Andar de mota é que é bom!

É o meu 3º dia em Mapusa, como já me sinto mais corajosa, pedi para irem comigo às compras e que me ajudassem a comprar um cartão SIM...
Como já era de esperar, os meus "companheiros" não têm carros só motas...e eu estava desejosa de andar em uma =D
Lá me sentei na dita cuja, e agora vinha a parte difícil "Como é que eu me seguro??!!" com medo de me agarrar à cintura do meu "motorista" pois poderia passar das marcas, e com medo de não me agarrar de todo e acabar por cair, achei melhor perguntar
- Como é que é melhor eu me agarrar?
- Como te der mais jeito!
Como achei que "abraçar-me" a um total estranho seria demasiado, acabei por me segurar à mochila que ele trazia. E aí vamos nós =) Colina abaixo, mas sempre devagar pois ele sabia que era a minha "primeira vez", lá iamos para o meio da cidade. O andar do lado esquerdo da estrada já quase não me faz confusão (apenas nas curvas, rotundas e cruzamentos), e depois em cima Dela não era assim tão assustador. Aproveitei a viagem e fui olhando para tudo, absorvendo tudo o que podia, aos poucos e poucos a tensão desta nova experiencia passou, e relaxei, deixe-me ir!
Chega-mos então a uma loja Vodafone, em que os números aqui começam com 97, e enquanto em Portugal muitas das vezes até são dados, aqui é necessário uma fotocópia do documento de identificação e uma fotografia, quase como se abrissem um processo. Como os meus "companheiros" já me tinham avisado sobre isto, já ia preparada. Porém sabia que aquele cartão não iria funcionar no meu telemóvel bloqueado, então como se fosse a coisa mais normal do mundo fomos a uma pequena loja (aqui até as lojas mais normais, em Portugal seriam consideradas suspeitas) em que o senhor abre o meu telefone e telefona para alguém e farta-se de falar (e eu sem perceber nada), então levaria 3 dias a desbloquear o meu telefone e 800rupias. Apesar de estar acompanhada por quem percebia do assunto, não me sentia muito à vontade em deixar o meu telemóvel com completos estranhos que iriam "violá-lo", por isso decidi comprar um pequeno telemóvel que ficaria a 1350rupias (15euros). Depois de tudo isto, retornamos à loja da Vodafone e lá comprei o cartão (que demora 24h a ser activado, e temos de ligar para um número especifico, dizer o nosso nome e morada). Como não tenho ainda noção de quanto custam as coisas por aqui, não levei dinheiro suficiente, felizmente a pessoa com quem estava conseguiu ajudar-me. Voltámos a montar-nos na mota e toca a vir colina acima...mais uma vez, vinha de sorriso na cara a olhar para tudo.
Depois de mais um almoço à base de massa instantanea e batatas Lays com sabor a tomate, concentrei-me nos livros e artigos que tenho para ler.
Finalmente chegara a hora de ir comprar comida. E qual o meio de transporte escolhido?? A mota, pois claro! Se a primeira custou a chegar cá acima, por esta eu até sentia pena por ela e tinha vontade de lhe pedir desculpa, não sou propriamente levezinha, e o seu dono menos ainda... Para não vir de sacos pendurados, levei a minha mochila às costas e lá começámos a rota dos supermercados...Ao entrar no primeiro "super-mercado" deparei-me com aquilo a que nós denominamos de "mercearia", começo a olhar para as prateleiras à procura de algo a que esteja habituada..pouco a pouco lá fui enchendo o cesto: arroz com gorgulho, manteiga em pacote de cartão, galinha desossada, massa espiral, leite num pacote "mole", em que ou se usa de uma vez, ou então não sei como "acondicionar" o pacote de volta no frigorifico, uma lata de atum e uma de cogumelos, uns cereais, pão de forma, sal refinado em saco de 1kg e sabonete Tide para lavar a roupa à mão (800rupias, uma vez que escolhi coisas maioritariamente coisas importadas a conta fica mais cara)...primeiras compras feitas, mochila às costas montei-me na mota e seguimos para a banca dos vegetais, uma vez que já era tarde já estava tudo muito escolhido mas mesmo assim ainda encontrei uns bons tomates, pepinos (que aqui são brancos), cebolas rochas, maças, bananas e uma melancia anã. Estes como já não cabiam na mochila ficaram acomodados num saco aos pés deste meu novo "motorista" (sim, num dia só andei a "cavalo" com dois homens diferentes). Agora começava a anoitecer, a emoção era maior, disse ao meu "motorista" que não precisava de ter cuidado, por esta altura já não me agarrava a nada, ia com as mãos calmamente pousadas nas minhas pernas, poderia conduzir como é normal...se é para experimentar, que seja como deve ser =) A confusão agora era bem maior, luzes por todos os lados, buzinadelas a dar com um pau e ainda várias pessoas a atravessar pelo meio do trânsito. Foi extremamente emocionante e adorei!!! Senti finalmente que estava na India, esta sim era a India que tinha em mente, até agora tinha achado tudo muito normal!!!
Seguimos no nosso passeio, parámos em mais um "super-mercado"/mercearia onde ainda comprei óleo (mais uma vez num pacote mole, que não dá jeito nenhum guardar depois de aberto), queijo e um rolo de papel higiénico (que tenho de poupar bem). Uma garrafa de azeite custa à volta de 455rúpias (cerca de 5euros), logo optei pela versão mais barata. Tendo todas as compras feitas, ele foi me mostrar mais uns quantos sitios, o mercado (ao qual eles não me deixam ir para já, pois ainda não sei regatear preços, e se me virem lá vou ser "presa" fácil e vão extorquir-me o dinheiro todo), um talho todo bem apresentado para comprar carne fresca e à peça, a paragem de autocarros e mais uma banca de vegetais, esta última parte foi a mais caótica, entrar no meio da praça dos autocarros, cada um andando para seu lado cheios de cor e de música, tipicamente a India que se vê nos filmes, e nós numa mota (que se "cagava" toda para conseguir andar connosco em cima mais as compras) no meio de 3 ou 4 autocarros cada um a virar para seu lado e montes de pessoas pelo meio...mas nunca tive medo, estava completamente embrenhada naquilo tudo, toda a cor, cheiro (que em algumas ruas não era o melhor =\ ), os sons, enfim...todos os meus sentidos estavam sobrecarregados e o meu cérebro estava a adorar!!! (Este passeio ajudou a situar-me melhor, acho que se sair a pé já não me perco tão facilmente.) Pois se a mota já custava a andar a direito, quando foi para chegar a casa então só me apetecia "desamontar" e empurrá-la...ouvia-se o acelerador no fundo, o metal sobreaquecido começava a queimar-me os pés e não andava a mais de 20km por hora. Com bastante esforço (por parte da pobre da mota) lá chegamos a casa.
Finalmente consegui comi carne desde que cheguei =)
Comecei a preparar a comida, lavar o arroz e tirar o gorgulho, lavar bem o frango parti-lo e temperá-lo com sal (refinado) e uma saladinha...uma vez que só tenho um bico de fogão, comecei pelo arroz, e depois fritei o frango no que parecia ser uma chapa com fundo arredondado...as panelas daqui em Portugal seriam chamadas de tigelas... basicamente, são umas tigelas de metal de diferentes tamanhos sem pegas nem nada, existe uma garra para que possamos tirá-las do fogo sem nos queimar-mos apenas. Como já disse, o sal que tenho é refinado, e estando habituada a usar sal grosso acabei por salgar toda a comida...o que sinceramente não me fez diferença, estava bastante satisfeita com a minha simples refeição e não ter de comer picante, azedo ou massa instantanea. Para finalizar uma bela de uma fatia da melancia anã que me soube a mel, para quem está habituada a comer comida fresca, estar à dois dias a comer massa instantanea, batatas fritas e bolachas já começava a ser tóxico. Infelizmente não comprei, nem cozinhei como estou habituada, mas é melhor que nada, quando começar a conhecer os "cantos à casa", logo começo a aventurar-me nos sabores da Índia. =D
E agora vou tomar banho, pois até eu já cheiro a "Índia". =\

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