terça-feira, 1 de abril de 2014

Pensamentos (um pouco) mais profundos

Quase 6 meses já se passaram...passe depressa ou devagar não gosto de ter tempo controlado, mas neste caso, ando a contar os dias para voltar. Acho que nem é pelo tempo que estou longe que sinto saudade, mas pela distância, solidão e tristeza. Talvez se tivesse mais companhia, se fosse mais feliz aqui, a saudade e a vontade de voltar não fossem tão grandes. 
Durante o dia distraio-me com o trabalho, mas quando chega a noite e vejo que mais um dia se passou e eu sempre sozinha, a saudade ataca como se de guerra se tratasse...e perco quase todas as vezes.


Tenho a cabeça cheia de "ses", de "devia", de "talvez"...sei todos os "devia" quase de cor, mas pô-los em prática não é assim tão fácil, principalmente quando não tenho a certeza se o "devia" é realmente o mais certo para mim. E quem me aponta  mais "devias", não sabe as condições, o mecanismo e como funciona... E todos estes "devias" falhados deitam-me ao chão em "knock out" profundo. E foi por isso que deixei de ter em conta o "devia" e passei a ter em conta o "faz-me feliz neste momento". O que importa se realmente consegui um "devia" se isso não me faz "feliz nesse momento"? Ou que um "devia" valerá a pena se implicar perigo?

Através dos meus 26 anos de existência sempre houve alturas em que a solidão era companhia permanente. Mas agora vejo como estava enganada...agora sim encaro a solidão de frente e chamo-lhe amiga, é mais fácil de a suportar se a aceitar em vez de a enfrentar. E é assim que agora levo mais leves os meus dias, pois sei que a única coisa garantida é a solidão. Passo o dia rodeada com pessoas, conheço várias, mas são elas que me enchem o coração. 
O tempo que tenho passado sozinha tem me feito pesnar muito, fiquei mais "filosófica"... se têm amigos (bons, aqueles que realmente se podem chamar de amigos) aproveitem todos os momentos que têm juntos; a família que está longe e raramente se fala, arranjem tempo para lhes falarem; a comida que dá mais gosto de comer, não a deixem ficar no prato... Tudo são pequenos momentos que nos enchem o coração de alegria e deixamo-los passar por pensarmos que é apenas mais um..pois esse mais um, é o suficiente para nos fazer sorrir, para nos sentirmos amados, para nos sentirmos segurmos. Tomamos pequenas coisas como garantidas e só quando não as temos lhes damos valor. 


Nas várias viagens aue fiz recentemente pelo interior de Goa, sempre olhava as pessoas simples das pequenas aldeias perdidas nos cerros com um certo sentimento de inveja. Tenho plena noção das vidas dificeis que levam, mas ao mesmo tempo tão simples. Vivemos numa era de consumismo, "stress", e vivemos para "os outros", preocupados com o "os outros" pensam, querendo o que "os outros" têm, o que é socialmente aceitável "pelos outros". "Os outros" não são a nossa familia, nem os amigos, colegas e parceiros, "os outros" são aqueles com quem não temos relação directa (ou até relação nenhuma) que nós pensamos que nos julgam, criticam e por alguma razão tentamos por tudo agradar-lhes. Por vezes "os outros" não são ninguém em especifico, são quase um ser superior a quem temos de prestar contas, sem saber porque lhe devemos algo. Vivemos para "os outros" em vez de vivermos por nós. Não considero familia e amigos como "os outros", pois esses se realmente gostam de nós, aceitam-nos como somos defeitos e virtudes. Se isso não acontece, então sim passam a ser da categoria "os outros", pois é preciso agir como querem para que continuem próximos. 
Na vida simples das pessoas com quem me tenho cruzado, as preocupações baseiam-se na sobrevivência, que é o que realmente nos deve preocupar. Levantam-se de manhã bem cedo, para andar quilómetros sem fim para buscar água, trabalham o dia inteiro debaixo de sol cultivando a comida que tanto precisam e mal anoitece deitam-se, pois não luz para ver na noite escura. 
Sei que é trabalho árduo, mas ponho-me a pensar se "forçar" o corpo não será melhor que passar a vida matando a cabeça com stresses sem fundamento e problemas que existem na real existência da sobrevivência?
Há poucos dias falei com alguém que me disse que na nossa busca interminável pela inteligência acabámos por ficar mais burros, e levamos a vida com uma certa "burrice", tudo nos é oferecido quase sem termos de nos esforçar. E por um lado concordo, temos tudo disponível logo ali...estas pessoas não, vivem na natureza através da natureza e do conhecimento que adquiriram dela. 



Outro principio que acho fantástico nestas tribos são as "sacred groves" ...Deuses e Deusas que vivem no meio da floresta, são árvores, pedras, animais até formigueiros...o que acontece é que se um Deus vive ali então tudo à sua volta é intocável, por vezes têm comprimento de vários quilómetros. São dos sítios mais ricos biologicamente e melhor conservados através de leis básicas da cultura/religião. Mais depressa estas regras são respeitadas do que leis implementadas. 

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